quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nota de repúdio

O texto não é meu, mas considero importante dar voz a atores sociais que se sentiram prejudicados pela ação repressora da Polícia Militar na última sexta-feira. Garanto pleno espaço para publicar qualquer contraditório. Colei abaixo o texto integral da nota de repúdio que recebi em meu e-mail.

ATENTADO CULTURAL

Na última sexta-feira, 18 de janeiro de 2008, o Centro Histórico da Capital foi palco de cenas de truculência e intolerância protagonizadas pela Polícia Militar da Paraíba e respaldada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa. O incidente aconteceu em meio à programação do projeto Estação Nordeste idealizado e organizado pela Prefeitura de João Pessoa, através da Funjope. Por volta das duas horas da manhã uma equipe de fiscais da Semam acompanhada de um efetivo de quatro policiais interrompeu abruptamente, sem comunicado prévio e sem explicação lógica o show aberto na Praça Antenor Navarro e nas casas privadas Casarão Philipéia e Galpão 14, ambas situadas no Largo de São Pedro.

Durante todas as intervenções, a ação foi conduzida pela Polícia Militar, comandada pelo Tenente Alves. O policial invadiu de forma ostensiva as casas de show, agrediu um segurança particular, desligou equipamentos sonoros, ameaçou de forma arbitrária prender músicos, funcionários e o público presente nos locais. Após todo este destempero, chegou ao cúmulo de determinar que as pessoas que ocupavam a parte externa do Largo de São Pedro se retirassem do local. A equipe da Semam, que em nenhum momento procurou qualquer dos organizadores das festas para explicar o motivo da interrupção dos eventos ou realizar aferição sonora, conforme procedimento padrão, assistia impassível ao festival de horrores proporcionado pelo despreparado tenente e seu contigente. Exalando antidemocracia os shows foram suspensos sem qualquer explicação plausível, ou apresentação de notificação oficial aos responsáveis.

A autoritária interrupção dos shows deixa um alerta para músicos, produtores e fomentadores culturais, donos de estabelecimentos e interessados em geral por cultura alternativa na cidade. O Centro Histórico ao longo dos anos se constituiu em pólo de difusão cultural e opção à mesmice que a massificada indústria de eventos impõe no roteiro noturno de João Pessoa (vide Feirinha e adjacentes). Esta vocação foi ressaltada pelo recente tombamento da área como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas curiosamente as recentes intervenções parecem querer engessar o já provado potencial cultural do Centro Histórico. A inclusão no seleto grupo de locais tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional deve representar um impulso para a tão propalada transformação do território em espaço da cultura e lazer e não ser utilizada como ferramenta de perseguição.

Cabe a sociedade civil organizada se mobilizar e fazer órgãos competentes despertarem para a necessidade de uma nova divisão de zoneamento do Centro Histórico, com flexibilidade adequada as peculiaridades do local. Diferente de outras áreas de eventos da Capital, o Centro apresenta reduzida densidade demográfica e a maior parte dos residentes no entorno tem renda proveniente das atividades noturnas ali desenvolvidas. Além disso os eventos na localidade são marcados pelo clima pacífico e respeito à pluralidade de estilos e comportamentos e nenhum incidente foi registrado nas festas ali ocorridas. Sem estas ações incorremos no risco de ter nossas atividades culturais restritas ao monopólio, que habita historicamente a cidade.


ASSOCIAÇÃO DOS MÚSICOS DA PARAÍBA, AUMENTA QUE É ROCK, GALPÃO 14, CASARÃO PHILIPÉIA, GABINETE CULTURAL FUBA.

PS: Acabei de receber os links de videos feitos na noite em que tudo a conteceu. Os links do You Tube são os seguintes:

Ação dentro do Galpão 14
http://br.youtube.com/watch?v=4dUIJEfxNG4

Do lado de fora do Galpão:
http://br.youtube.com/watch?v=OsxDdLyOKBQ

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