Na última quinta-feira, ou seja, aos 45 minutos do segundo tempo, quando o juiz do CineBox já anunciava que aquela seria a última sessão, fui assistir a "Coração vagabundo", documentário sobre o poeta, cantor, compositor e musicozinho (este último adjetivo é opinião de Hermeto Pascoal) Caetano Veloso. O filme é ótimo, bem dirigido e fotografado.
A cena inicial deve ter levado os espectadores homossexuais ao delírio: Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano, convida o câmera a filmar o filho de dona Canô "butt naked". Mesmo que de relance aparece isso mesmo que você está pensando. Por falar em homossexuais, na sala havia uns 12 a 15 espectadores. A maioria esmagadora seguia uma orientação sexual diferente da minha. Logo na saída comentavam: o filme é bárbaro, apesar de Paula Lavigne. E eu cá com os meus botões: como assim?
Devo dizer que o documentário apenas reforçou os conceitos que tinha sobre Caetano. Um grande cantor e compositor de músicas em português. Como "english speaker" ele deixa muito a desejar. Pior que ele ainda se justifica dizendo que não fala bem porque só morou em Londres com mais de 25 anos e que convivia só com brasileiros. Com quem ele convivia é opção dele, mas isso da idade não é tão relevante porque mesmo mais velho é possível aprender os fonemas, ainda mais sendo brasileiro. Se ele fosse chinês o sotaque carregado seria mais plausível. Só comecei a estudar francês depois dos 22, mas até hoje me esforço para aproximar minha pronúncia o máximo de um francófono nativo.
Faltou sinceridade do artista ao explicar porque fez o álbum "A foreign sound". "Fiz porque quis. (...) Não me importa o que as pessoas dizem". Sei, sei. Primeiro: sempre importa o que os outros dizem. Ninguém tem sangue de barata para só ouvir o que dizem e permanecer passivo. Segundo, meu caro Caetano, sabemos que ao gravar músicas em inglês você catapultou sua carreira internacional.
Também foi feio na época e é feio ver rememorado no filme você dizer que a música mais importante do século XX é a americana. Não existe nacionalidade mais importante para a música. O que existem são grandes músicos e eles estão espalhados por todos os cantos. Se você fosse mais humilde (talvez isso seja pedir demais), aceitaria a crítica de Hermeto com mais silêncio. Você finge que aceita e depois tenta revidar. Ficou mal na fita.
Este ano fui a um show de Gilberto Gil aqui em João Pessoa, na Pequenina, e me chamou a atenção como nosso querido ex-ministro da Cultura inspira humanidade. Para mim, Caetano respira a outra ponta da tabela, ou seja, transpira divindade. No caso, a divindade do deus com "d" minúsculo. O deus-homem, que pensa que é Deus, que acha que é grande e tenta dizer que é pequeno para conseguir que alguém diga: Nada! Você é grandíssimo! Caetano diz que não é o fodão e seus olhos mentem. Tanto que em outro momento do filme ele assume que "arrasou" em uma entrevista. Não precisava. Coisa de adolescente.
Coisa de adolescente mesmo é ele se derreter pela Gisele Bündschen e ainda tripudiar com a mulher. Resultado: gota d'água para o divórcio. É preciso ressaltar que Paula era uma pirralha quando iniciou sua relação com o compositor de "Você é linda". Aliás, Paula é linda. Linda na essência. Almodóvar que o diga (e diz!). Dá para sentir que é uma mulher forte e que não se apaixonou pelo dinheiro de Caetano. Que sentia algo verdadeiro pelo musicozinho (eu não acho, mas já que Hermeto falou, quem sou eu?).
Em uma passagem no Japão, Caetano está deprimido. Parece que a ficha da separação havia caído. Pois é rapaz: você abusou da regra três.
domingo, 9 de agosto de 2009
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2 comentários:
Pois eh, fiquemos com o cantor e compositor,e só!!!
ótimo texto, Breno, Parabéns!!!
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